Enquanto ciclista, é provável que já te tenhas visto numa destas situações ou até nas duas: sais para pedalar no inverno, começas a sentir frio, os pés e as mãos gelam-se, e não consegues aquecer, ao mesmo tempo que te arrependes de não te teres vestido melhor; ou então, sais determinado a não passar frio, vestes-te em demasia e percebes rapidamente que levaste roupa a mais e que teria sido melhor deixar algumas peças em casa. Para além do desconforto, estas situações podem acabar por causar constipações ou infeções que duram vários dias.
Estes são os dois extremos de um mesmo problema: uma má escolha de roupa de inverno para pedalar. Neste artigo, vamos mostrar-te as diferentes opções disponíveis e dar-te as dicas certas para continuares a pedalar sem passar frio.
Para evitar o frio enquanto pedalas, cada peça de roupa que usas deve cumprir duas funções essenciais. Primeiro, deve proteger-te do frio e da humidade exterior, impedindo que cheguem ao teu corpo. Segundo, deve afastar a humidade provocada pelo suor, permitindo que se evapore e evitando que arrefeças por estares com a pele molhada.
Para conseguir isso, é fundamental que as roupas sejam específicas para ciclismo, já que foram desenhadas para cumprir estas duas funções. Outras peças, como as usadas para caminhadas ou montanhismo, podem ser leves e proteger do frio, mas não estão preparadas para gerir o suor que geras durante uma longa pedalada. Além disso, os materiais usados nas roupas de ciclismo são específicos para o desporto, com a espessura e as costuras ideais para garantir o máximo conforto enquanto pedalas.
Deves também ter em conta o clima da zona onde vais pedalar e consultar a previsão do tempo para as horas em que vais estar na estrada. Vestir-te para um passeio na Floresta de Irati, no País Basco, não é o mesmo que preparar-te para pedalar ao longo da costa mediterrânica. Os níveis de humidade variam de região para região, tal como a probabilidade de apanhares um aguaceiro repentino. Se saíres cedo de manhã, é normal que a temperatura suba ao longo do dia; se fores à tarde, o mais provável é que baixe. E, como qualquer ciclista sabe, a temperatura sobe com o esforço nas subidas e desce rapidamente nas descidas devido ao vento. Por isso, conhecer antecipadamente as condições do teu percurso é essencial para escolheres a roupa certa em cada momento.
Por fim, deves conhecer-te a ti mesmo. Cada pessoa tem uma tolerância diferente ao frio e à humidade. Saber como o teu corpo reage em diferentes situações e aprender com erros anteriores é essencial para melhorares nas tuas escolhas e saberes o que realmente funciona para ti.
Agora que já revimos os pontos mais importantes, vamos ver as diferentes opções disponíveis para te manteres quente em cima da bicicleta e vamos fazê-lo de cima para baixo, da cabeça aos pés, porque todas as partes do corpo merecem proteção.
Para proteger estas zonas, existem várias opções que podes escolher consoante a temperatura e a tua tolerância ao frio.
O pescoço é uma zona onde o frio costuma penetrar facilmente, podendo causar constipações e irritações na garganta. Para evitar isso, muitos ciclistas usam uma gola de ciclismo durante os treinos ou passeios. Existem versões mais finas, cuja principal função é proteger do vento, e outras mais grossas, que além disso ajudam a manter o calor. Dependendo da tua tolerância ao frio e da sensação que as golas te causam, já que muitas pessoas sentem algum desconforto quando começam a transpirar poderás escolher um tipo ou outro. Em dias de frio intenso, até podes usar as duas em simultâneo.
A sua função é proteger a parte superior da cabeça do frio e da chuva, sendo usada por baixo do capacete (touca). Muitos ciclistas usam este acessório durante todo o ano para evitar que o suor escorra para a cara. O mais importante é que seja respirável, para evitar o efeito “sauna” no couro cabeludo e não suar em excesso.
Embora muitas vezes te esqueças de as cobrir, a verdade é que as orelhas arrefecem rapidamente e podem tornar-se uma “porta de entrada” para infeções nos ouvidos ou na garganta. Para evitar isso, existem gorros de inverno com uma extensão que cobre as orelhas. Também podes usar uma fita que passe pela testa e pela parte de trás da cabeça, cobrindo assim a zona das orelhas e protegendo-a do frio.
As balaclavas cobrem o pescoço, a cabeça e as orelhas. Já o facewarmer, como o próprio nome indica, oferece proteção adicional para o rosto. A zona do nariz e da boca fica coberta, permitindo respirar com facilidade sem que o ar frio entre diretamente nos pulmões. Ambos os acessórios são usados em condições de frio extremo, pois oferecem proteção máxima mas em temperaturas mais amenas podem tornar-se desconfortáveis.
Para todas as opções anteriores, é importante lembrar que devem ser usadas juntamente com o capacete obrigatório. O capacete é o principal elemento de segurança, por isso a escolha dos diferentes acessórios deve ter sempre em conta que se ajustem bem a ele. O mais importante é que o capacete consiga cumprir a sua função de proteger o crânio, sem folgas nem movimentos excessivos.
Um dos maiores dilemas que provavelmente já tiveste como ciclista é como agasalhar a parte superior do tronco, ou seja, da cintura para cima. Existem várias opções e combinações possíveis e, qualquer que seja a tua escolha, quase sempre parece que não acertaste.
Como já referimos, cada zona tem condições climatéricas diferentes e cada ciclista tem um nível de tolerância ao frio distinto. Por isso, quando chega a hora de te vestires para pedalar no inverno, não há uma combinação única, mas sim várias possibilidades como vais ver ao longo do artigo. No entanto, há uma recomendação que pode ser útil em muitos casos: usar 3 camadas.
A “teoria das 3 camadas” baseia-se na combinação de roupas de forma a que umas sirvam para isolar do frio exterior, enquanto outras sejam respiráveis e ajudem a evaporar o suor do corpo.
A primeira camada é responsável por afastar a humidade provocada pelo suor. Para isso, deves usar uma camisola térmica justa ao corpo, que ajude a transportar o suor para o exterior. Pode ser de manga curta ou comprida, dependendo das condições e do teu conforto face às camadas superiores.
A segunda camada tem como função reter o calor corporal. Aqui podes usar um jersey de inverno ou, se não estiver muito frio, até o jersey de verão.
A terceira camada, por fim, é a que protege contra o frio, a humidade e o vento do exterior. Consoante as condições, podes optar por um casaco, colete, corta-vento ou impermeável.
Agora sim, chega o momento de “desfolhar” essas camadas e apresentar as diferentes peças de roupa que podes utilizar:
É uma peça indispensável no teu roupeiro de inverno. Mantém o calor corporal ao mesmo tempo que afasta o suor. Deve ficar bem ajustada ao corpo, funcionando como uma segunda pele. Se estiver demasiado apertada, sentirás desconforto e compressão; se estiver demasiado larga e fizer pregas, não cumprirá a sua função.
O material mais adequado é a fibra sintética, que permite evaporar o suor e reduz o risco de arrefecimento causado pela humidade. Usar uma camisola interior de algodão, mesmo que proteja do frio, não é indicado, pois retém a humidade e não transpira, fazendo com que fiques rapidamente encharcado e o frio penetre com mais facilidade.
Existem vários tipos de camisolas térmicas consoante a espessura e o tipo de manga: comprida, curta ou de alças. O ideal é ter uma versão mais grossa ou de manga comprida e outra mais fina, de manga curta ou alças. Assim, podes escolher consoante as condições meteorológicas ou o conforto que procuras, tendo em conta a camada superior. Por exemplo, se usares por cima um jersey de inverno de manga comprida, a camisola térmica pode ser de manga curta ou de alças; e vice-versa, se usares um jersey de verão, convém que a térmica tenha manga comprida para proteger bem os braços.
É mesmo necessário comprar um jersey de inverno ou será suficiente usar uma camisola térmica e/ou aquecedores de braços com o jersey de verão?
Provavelmente já te fizeste esta pergunta. A resposta depende de dois factores: das condições climatéricas da zona onde costumas pedalar e da forma como reages ao frio.
Desde que seja um jersey específico para ciclismo, e não uma peça de outro tipo como um polar de caminhada, por exemplo, não haverá problema em escolher a opção que te for mais conveniente.
Alguns ciclistas preferem usar sempre jerseys de verão e proteger os braços com aquecedores de braços, uma camisola térmica de manga comprida ou até ambos. Esta é uma opção válida para invernos suaves. No entanto, o mais aconselhável é ter pelo menos um jersey de inverno, mais grosso e que retenha melhor o calor. É provável que tenhas mais jerseys de verão no teu armário de ciclismo, por isso, não será má ideia investir num de inverno para usares quando as temperaturas estiverem mais baixas.
Esta terceira camada levanta sempre algumas dúvidas, pois pode ser determinante para aquilo que queremos evitar: passar frio e sentir falta de uma peça de roupa, ou exagerar nas camadas e acabar por ter calor em excesso.
No entanto, cada peça tem uma função específica que deves conhecer. O casaco é indispensável quando as temperaturas são muito baixas. O colete é ideal para dias amenos ou frescos, mas com sol. Já o impermeável ou corta-vento é essencial quando chove ou há risco de chuva se não o levares, é provável que acabes encharcado.
Um dos grandes avanços da roupa técnica de ciclismo é a sua facilidade de transporte e adaptação às restantes peças. Colete, impermeável e corta-vento são desenhados para serem dobrados e guardados facilmente no bolso do jersey, o que permite levá-los contigo e usá-los durante o percurso sempre que precisares.
O ideal é ter pelo menos uma peça de cada tipo, para poderes escolher consoante a temperatura e as condições de cada momento. Esta é a terceira camada, responsável por isolar do frio e proteger do vento e da humidade e por isso é muito importante escolhê-la bem, para garantir que a parte superior do corpo está totalmente protegida.
Continuando com a ordem descendente, chegamos às pernas — as responsáveis por pedalar e a tua principal “arma” como ciclista.
É verdade que a sensação de pedalar com as pernas cobertas nem sempre é muito agradável. Ao pedalar, as pernas aquecem rapidamente e começam a suar com facilidade. Por isso, muitos ciclistas resistem a usar roupa comprida até que o inverno esteja bem instalado.
Na verdade, se vives numa zona com invernos suaves, talvez seja suficiente usar umas pernitos de qualidade juntamente com os calções de verão. Por outro lado, se a temperatura costuma descer abaixo dos 5 graus, o mais aconselhável é investir num culotte de inverno.
Existem várias peças e opções para manter as pernas quentes durante os treinos de bicicleta:
Tal como acontece com os aquecedores de braços, os pernitos cobrem a zona da perna que o culotte não alcança. São uma opção muito válida para temperaturas amenas e estações como o outono e a primavera. É importante lembrar que devem ser pernitos específicos para ciclismo, que permitam a transpiração e não acumulem suor algo que pode causar bastante desconforto durante a pedalada.
Se comparámos os pernitos com os aquecedores de braços, então as calças térmicas seriam o equivalente à camisola térmica. Embora sejam uma opção bastante prática para temperaturas amenas, deves ter em conta que usar calças por baixo do culotte pode provocar irritações ou fricção, por isso é importante escolher um modelo que se ajuste bem ao teu corpo. Além disso, a sua principal função é atuar como uma segunda pele, ajudando a transpirar o suor — o que significa que, em alguns casos, podem não ser suficientes para proteger do frio intenso ou do vento.
Como já foi referido, para temperaturas baixas é essencial utilizar um calções comprido específico de inverno. Existem diferentes modelos consoante a espessura e o material de fabrico. Por exemplo, para zonas com frio extremo, já existem culottes compridos em Gore-Tex, que oferecem uma proteção muito eficaz. Deves certificar-te de que se trata de um culotte elástico, que se adapta bem às tuas pernas e não provoca desconforto numa zona que tem de estar preparada para pedalar com força.
Se há duas partes do corpo que mais sofrem com o frio quando se pedala, são as mãos e os pés. De certeza que já tiveste aquela sensação desagradável de entorpecimento, em que o frio te impede de mexer os dedos e até já disseste: “não sinto as mãos”... “que dor nos dedos dos pés”...
Pois bem, é possível evitar essa sensação…
No que diz respeito aos pés, podes combater o frio com uns bons meias de inverno. São meias específicas para o frio, mais grossas, que mantêm os pés a uma temperatura adequada, ao mesmo tempo que permitem a transpiração e mantêm os pés secos.
Quanto ao calçado, podes usar coberturas para botas. Trata-se de uma espécie de “meia exterior” que se ajusta por cima da sapatilha, protegendo o pé do frio e da humidade. É uma solução muito recomendada para o ciclismo de estrada, já que em BTT estas coberturas acabam por se rasgar com facilidade devido aos ramos, pedras, lama, poças de água... deixando de cumprir a sua função. Por isso, em BTT é mais aconselhável usar sapatilhas específicas de inverno, que oferecem melhor proteção contra impactos e humidade, e geralmente têm uma altura superior para evitar a entrada de água e lama.
Neste ponto, também é importante considerar a combinação entre sapatilha e meia. Se vais usar uma meia mais grossa no inverno, é possível que a sapatilha de verão fique apertada. Nesse caso, o ideal será optar por umas sapatilhas de inverno que se ajustem bem às meias térmicas.
Para as mãos, as luvas serão os teus melhores aliados contra o frio. Existem vários modelos consoante a espessura. Dependendo das condições climatéricas, podes optar por modelos mais finos ou mais grossos, mas é sempre importante que sejam específicos para ciclismo e permitam a transpiração, mantendo as mãos secas. Além disso, as mãos são fundamentais para o controlo da bicicleta: seguram o guiador, mudam de velocidade e travam. Por isso, escolher luvas específicas de ciclismo que permitam bom contacto com os manípulos e garantam boa aderência ao guiador é essencial para pedalar com segurança.
Importa ainda destacar que, tanto no inverno como no verão, é altamente recomendável usar luvas (compridas no inverno, curtas no verão). Protegem uma zona tão exposta como as mãos de queimaduras em caso de queda na estrada ou de impactos e arranhões em trilhos de montanha.
O primeiro ponto, algo em que já insistimos bastante, é que todas as peças de roupa utilizadas sejam específicas para ciclismo, pois foram desenhadas para proteger do frio e permitir a transpiração do suor.
Em segundo lugar, planeia muito bem os teus percursos. Calcula quantas horas vais estar fora, verifica a previsão do tempo para esse período e tem em conta a variação da temperatura, tanto ao longo do dia como em função do esforço físico. Agasalha-te bem e opta por peças fáceis de tirar e guardar nos bolsos, para te poderes adaptar em cada momento. Para além das condições meteorológicas, é fundamental conheceres-te bem a ti próprio, saber como reages ao frio e aprender com a experiência para não repetir erros do passado.
Por fim, vais reparar que a maioria das roupas de inverno são de cores mais escuras, com o objetivo de absorver melhor o calor. No entanto, muitas destas peças incluem pormenores ou combinações de cores vivas ou fluorescentes para que sejas mais facilmente visível. Sempre que possível, opta por roupa que inclua este tipo de cores. Além disso, no inverno a luz solar é menos intensa do que no verão e usar peças com cores chamativas vai ajudar a aumentar a tua segurança na estrada.
Esperamos que os nossos conselhos te ajudem a não passar frio enquanto pedalas e que possas desfrutar da bicicleta independentemente das condições climatéricas. Felizmente, existem cada vez mais peças de roupa para ciclismo que protegem melhor do frio e da humidade e, ao mesmo tempo, são leves e fáceis de transportar.
Se queres saber como te podes equipar com as nossas peças, não deixes de visitar o seguinte artigo onde apresentamos todas as opções Eltin para o inverno.
Lembra-te, seja qual for a altura do ano, que nada te pare!
#KeepOnCycling
